sexta-feira, 23 de maio de 2014

O IRMÃO MAIS VELHO – I

Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos. Lucas 15:29

Devemos notar que o irmão mais velho é parte importante da parábola de Jesus. No primeiro nível, ele reflete a atitude dos murmuradores fariseus, a audiência primária, para quem a graça divina oferecida aos "publicanos e pecadores" é um desperdício. Em um nível mais profundo, o filho mais velho representa um grupo que está mais perto de nós: as vítimas do legalismo, os "perfeitos", marcados por complexo de superioridade.

Traços de seu caráter começam a aparecer nas entrelinhas da narrativa. O texto diz que o pai "repartiu os bens entre os dois" (Lc 15:12, NTLH). Será que ele também recebeu sua parte? Na cultura oriental, se esperaria que o filho mais velho reagisse à demanda de seu irmão e rejeitasse qualquer participação nela. Mas seu silêncio indica que suas relações com o pai não eram as melhores. Além disso, se esperaria que ele entrasse verbalmente na história e assumisse o tradicional papel de conciliador. É na última cena, contudo, que sua máscara cai. Ao chegar em casa e ouvir o som da celebração, ele não procura o pai para ter uma explicação. Ele fala com os servos (v. 25, 26). Qualquer filho normalmente entraria em casa para alegrar-se com o pai. As dificuldades seriam resolvidas depois.


O filho mais velho é um emblema daqueles que estão distantes, embora dentro de casa. Ele humilha e desacata publicamente seu pai, que, saindo, procura "conciliá-lo" (v. 28). O filho mais velho faz apenas queixas. Não usa nenhum título de tratamento respeitoso (v. 29, 30). Ele demonstra o espírito de um escravo: "Tenho trabalhado há tantos anos e nunca recebi um cabrito" em pagamento para "alegrar-me com meus amigos". Sua comunidade emocional está fora da família. Ele ainda insulta seu pai, afirmando nunca ter transgredido seus mandamentos. Contudo, viola o mandamento da honra devida aos pais. Ele se limita a tratar seu irmão como "esse teu filho", negando assim qualquer relacionamento com o irmão e com o pai. Ele acusa o irmão de gastar os bens com meretrizes. Como ele sabe? Provavelmente é o que ele teria feito. A diferença entre ele e o irmão mais novo é que, enquanto aquele é um "pecador confesso", ele é "um santo hipócrita". Tal doença é de cura mais difícil.

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